O jornalismo perante à África

Após a leitura da reportagem indicada é possível pensar alguns fenômenos contemporâneos, especialmente ao papel da mídia perante a sociedade e a visão construída de alguns grupos. Você, aluno, durante essas quatro atividades propostas pelo professor já se perguntou de que forma a mídia retratou ou ocultou sobre a África. O que omitiu ou enfatizou, e quais foram os motivos? Antes de prosseguirmos escreve nos comentários do blogue algumas reflexões durante a atividade. Se quiser comente a resposta de seus colegas.
Visão europeia sobre a África

Conforme já estudado em outros módulos, o fenômeno do imperialismo no século XIX, tem como suas principais características a dominação econômica, a África teria um papel de provedora de recursos materiais para as empresas europeias que farão uso para seu desenvolvimento capitalista, contudo, o lado cultural também é marcante tanto para os europeus quanto para os africanos. Para os europeus reforçará a ideia de uma civilização superior que deverá em sua ‘bondade’ levar a civilização para os selvagens africanos, isto é, impor seu modo de viver: religião, língua, costumes, mentalidade econômica, relações sociais etc, o chamado ‘fardo do homem branco’, do outro lado as populações africanas irão sofrer pelo processo de desmantelamento da sua cultura, divisões forçadas e rivalidades intragrupos, dando até mesmo um caráter de inferioridade de sua cultura em relação a cultura ‘superior’. 
Questões de Vestibular

1. (Unesp 2015) Não há livro didático, prova de vestibular ou resposta correta do Enem que não atribua a miséria e os conflitos internos da África a um fator principal: a partilha do continente africano pelos europeus. Essas fronteiras teriam acotovelado no mesmo território diversas nações e grupos étnicos, fazendo o caos imperar na África. Porém, guerras entre nações rivais e disputas pela sucessão de tronos existiam muito antes de os europeus atingirem o interior da África. Graves conflitos étnicos aconteceram também em países que tiveram suas fronteiras mantidas pelos governos europeus. É incrível que uma teoria tão frágil e generalista tenha durado tanto – provavelmente isso acontece porque ela serve para alimentar a condescendência de quem toma os africanos como “bons selvagens” e tenta isentá-los da responsabilidade por seus problemas. NARLOCH, Leandro. Guia politicamente incorreto da história do mundo, 2013. Adaptado. A partir da leitura do texto, é correto afirmar que:
a) as desigualdades sociais e econômicas no mundo atual originam-se exclusivamente das contradições materiais do capitalismo.
b) o conhecimento histórico que privilegia a “óptica dos vencidos” apresenta um grau superior de objetividade científica.
c) na relação entre diferentes etnias, o etnocentrismo é um fenômeno antropológico exclusivo dos países ocidentais modernos.
 d) para explicar a existência dos atuais conflitos étnicos na África, é necessário resgatar os pressupostos da ideologia colonialista.
e) a tese filosófica sobre um “estado de natureza” livre e pacífico é insuficiente para explicar os conflitos étnicos atuais na África.

2. (Fgv 2015) Em nome do direito de viver da humanidade, a colonização, agente da civilização, deverá tomar a seu encargo a valorização e a circulação das riquezas que possuidores fracos detenham sem benefício para eles próprios e para os demais. Age-se, assim, para o bem de todos. (...) [A Europa] está no comando e no comando deve permanecer. (Albert Sarrault, Grandeza y servidumbres coloniales Apud Hector Bruit, O imperialismo, 1987, p. 11) A partir do fragmento, é correto afirmar que
 a) a partilha afro-asiática da segunda metade do século XIX, liderada pela Inglaterra e França, fruto da expansão das relações capitalistas de produção, garantiu o controle de matériasprimas estratégicas para a indústria e a colonização como missão civilizadora da raça branca superior.
b) o velho imperialismo do século XVI foi produto da revolução comercial pela procura de novos produtos e mercados para Portugal e Espanha que, por meio do exclusivo metropolitano e do direito de colonização sobre os povos inferiores, validando os superlucros da exploração colonial.
c) o novo imperialismo da primeira metade do século XIX, na África e Oceania, consequência do capitalismo comercial, impôs o monopólio da produção colonial, em especial, para a Grã- Bretanha que, de forma pacífica, defendeu o direito de colonização sobre os povos inferiores.
d) o colonialismo do século XVI, na África e Ásia, tornou essas regiões fontes de matériasprimas e mercados para a Europa, em especial, Alemanha e França, que por meio da guerra, submeteram os povos inferiores e promoveram a industrialização africana.
e) a exploração da África e da Ásia na segunda metade do século XVII, pelas grandes potências industriais, foi um instrumento eficaz para a missão colonizadora daquelas áreas atrasadas e ampliou o dom.
3. (Puccamp 93) A Expansão Neocolonialista do século XIX foi acelerada essencialmente,
a) pela disputa de mercados consumidores para produtos industrializados e de investimentos de capitais em novos projetos, além da busca de matérias-primas.
b) pelo crescimento incontrolado da população européia, gerando a necessidade de migração para a África e Ásia.
c) pela necessidade de irradiar a superioridade da cultura européia pelo mundo.
d) pelo desenvolvimento do capitalismo comercial e das práticas do mercantilismo.
e) pela distribuição igualitária dos monopólios de capitais e pelo decréscimo da produção industrial.


Sabendo da visão consolidada da África desde o século XIX, vamos pensar em outras questões do mundo contemporâneo que nos auxiliam a pensar a visão da África nos jornais.
O mundo do século XXI é notavelmente marcado pela ascensão das mídias sociais na internet, o fluxo de informações é enorme e a quantidade de informações que chegam é proporcional à velocidade do seu descarte. Desta forma o jornalismo também se renova não são somente os jornais impressos, o rádio e a tv que noticiam, o Facebook, o Twitter e o Instagram também se tornam fonte, logo qualquer pessoa pode publicar ou compartilhar informações, quebrando assim o monopólio da mídia tradicional, ocorre um fenômeno corrente chamado InfoWar ou guerra de narrativas, onde todos defendem sua posição com notícias ou opiniões enviesadas para confirmar seu lado. Um fato inusitado quando em 11 de janeiro de 2017 o presidente eleito Donald Trump chamou um repórter da CNN, sua maior crítica, de Fake News, em inglês, notícias falsas, acusando-os de impostores e que trabalham contra o presidente. Curioso notar, é que o termo ‘pegou’ e se tornou um tema para debate na própria mídia que costuma tratar blogues e outras mídias alternativas como Fake News, já que não se alinham com suas visões midiáticas.
E o que o presidente dos EUA e a discussão sobre mídia tem haver com a África? Ora, todo o debate em torno da mídia e sua relação com os mais variados temas, sua forma de noticiar, sua atenção ou omissão, vale não somente para o ambiente político interno ou ocidental, mas também do próprio mundo africano. Já reparou que a maioria das vezes em que África aparece nos noticiários são casos de desastres naturais, mortes, ditaduras, doenças e grupos extremistas? Em parte, a nossa explicação da visão europeia sobre a África ainda persiste, de um continente de gente selvagem que necessita de pena, ajuda e compaixão dos europeus, de um continente perdido que sem a presença europeia reina o caos e a desordem. O debate atual da Fake News, e o papel da mídia na sociedade talvez, seja uma oportunidade para se abrir um debate para também o continente africano e sua longa visão consolidada do imperialismo do homem branco. 
A partir da leitura do texto acima responda:
1) A questão da África imaginada como se respalda na questão imperialista no século XIX?
2) Ainda hoje, é possível notar algumas visões preconceituosas em relação ao continente africano? Quais? Justifique.
3) Ao longo da desta atividade online, quais foram suas reflexões a respeito da África e como a retratam tanto em jornais como no seu senso comum?

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